É um grave problema de saúde que está na boca de todos - pacientes, médicos, até de pessoas saudáveis - e também nas publicações e campanhas de prevenção de doenças. Mas e na prática: qual a última vez que mediram sua pressão em algum serviço de saúde ou consultório? A realidade é que a hipertensão arterial, vista como um mal silencioso por gerar efeitos graves sem apresentar sinais perceptíveis, é classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como epidemia do mundo moderno. Ou seja, se espalha continuadamente, reforçada por estilo de vida nada saudável que inclui dieta inadequada, sedentarismo e obesidade, entre outras bombas de efeito retardado.
No Brasil, o dia 26 de abril foi instituído como o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão, mas para o cardiologista Robson Santos, presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), não há muito a comemorar. "O mal que acomete um em cada três brasileiros apresenta estatísticas alarmantes. Os estudos mostram que aproximadamente 50% dos adultos acima de 50 anos são hipertensos e os números não páram de crescer."
Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil existem mais de 17 milhões de hipertensos, mas de acordo com estimativas da Sociedade Brasileira de Cardiologia apenas 5% destes são devidamente tratados. Isto significa alterar hábitos de vida, como alimentação pouco saudável, combater o sedentarismo e o tabagismo e manter o peso na faixa normal, usar medicação e medição contínuas, e cuidados que vão além de tomar um ou mais comprimidos diários.
Risco de grande impacto
A ausência de tratamento também responde por altas taxas de mortalidade. A hipertensão é apontada pela OMS como a terceira causa de morte no mundo - perde apenas para doenças sexualmente transmissíveis e desnutrição. E isto por uma razão: o aumento da pressão é fator de risco de grande impacto nas doenças cardiovasculares. Pessoas com pressão elevada estão mais propensas a apresentar comprometimentos vasculares (cerebrais e cardíacos), devido ao estreitamento dos vasos. Por causa da vasoconstrição, o coração precisa fazer mais força para bombear o sangue, fica hipertrofiado e a circulação sangüínea é comprometida. Os vasos mais estreitos também são responsáveis por menor fluxo de sangue no cérebro.
Ser hipertenso e não fazer o tratamento correto pode significar risco maior de apresentar doença vascular cerebral, doença arterial coronariana (e seu desdobramento fatal, ataque cardíaco), insuficiência cardíaca (que também resulta em infarto), insuficiência renal crônica e doença vascular periférica (especialmente nas pernas).